sábado, 9 de julho de 2011

Vadalhocas


Era uma vez uma gaija. Simpática, enganou-me bem ao início. Tinha era um defeito que se lhe não via assim só de ver: era vadalhoca. Estou velha para andar a tomar conta de miúdas 2 anos mais novas que eu, e a limpar a porcaria que vão deixando por onde passam. Tive bom remédio, não limpei. Se os não consegues vencer, junta-te a eles. Na verdade, não custa muito, pelo menos até ao lixo que ninguém deita fora começar a cheirar mal e a ficar cheio de moscos. E a pilha de loiça no lava-loiças ser tal que ninguém lá consegue chegar a fazer nada. Sim, que isso de lavar a loiça, é actividade de fazer apenas uma vez por semana, e quando é. Quando a fruta começa a apodrecer e a ficar cheia dos ditos moscos, também é interessante, sobretudo porque é coisa a ser descoberta assim de repente; é sempre um momento emocionante das nossas vidas. Mais interessante ainda porque, aos moscos da fruta podre, juntam-se os do arroz há quase uma semana agarrado às paredes da panela assim, enfeitando o fogão. Ah, mata moscos para que te quero! Se nem com raid na cozinha a coisa lá vai. 


Não limpamos nada, só fazemos é sujar o que os outros limpam. O que eu mais gosto é quando acabo de limpar os vidros do móvel da casa de banho e alguém chega e suja tudo de pingos de pasta dos dentes. Oh, mas isso não é nada, rigorosamente nada. O interessante é que apontar as vadalhoquices alheias, que toda a gente as tem, acho eu, a não ser certas gentes, é sempre bom e fácil, e fica-nos tão bem quando, pelo menos uma vez na vida, não semos nós a vadalhocar, mas sim os outros. Vá de chibar a coisa aos sete ventos e bem depressa, que é para passarmos por gente que não vadalhoca e que é bem limpinha. Um dia alguém escorrega na banheira e queixa-se, mas sem direito a queixar-se, dado os antecedentes. Outro dia, outro alguém escorrega na banheira, mas não diz nada, para não piorar as coisas. E volta a escorregar e volta a escorregar outra vez, e passa-se e sai da banheira aos gritos: "Oh Mariazinha, aquela parva voltou a usar ólelo Johnson??"; a Mariazinha responde, tentando dar a perceber que mais alguém estava em casa. Óptimo, é da maneira que se parte já aqui a loiça toda. E ouvindo mais alguém que estava em casa deambulando por ali, parte-se a loiça toda. "Eu não lhe admito que me fale assim. Nem os meus pais me falam assim!", pois é, se calhar esse é o problema. 

Também gosto quando, na ânsia da reciclagem, me misturam o plástico com o papel.
Depois devem ficar a pensar que separam o lixo muito bem separadinho.
Rais ta partira.

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