sábado, 9 de julho de 2011

E como vai o meu hábito de chá?


Como não poderia deixar de ser, tudo aquilo que é realmente interessante na vida de um mortal, acaba a ser-lhe retirado de uma forma ou de outra. Nada mais natural, fomos feitos para perder coisas, já que nada nos pertence. É tudo emprestado, e pelos vistos, o dono tem mau génio. Oh, vida cruel. Andava eu tão entretida a beber chá aos baldes, quando, de repente, o sono se me desaparece. É interessante; ora vejam-se as coisas giras que com que se poderia ocupar o tempo, não fosse essa triste invenção que é a do dormir. Inventam com cada coisa mais mal amanhada; se não fosse a mania parva de dormir, certamente teria a minha leitura em dia. Mas a pior parte é a da punição: não basta a invenção parva da necessidade de dormir, como também levamos nas trombas se o não fizermos, tal como se passa com o comer e com o respirar. Está mal feito, portanto. A questão é grave: se não dormimos, andamos a arrastar-nos no dia seguinte, com um triste aspecto semelhante a morto-vivo, e não dizemos coisa com coisa. Claro que há sempre os mais desafortunados que, como eu, são cruelmente atacados por estes sintomas, mal durmam um pouco menos que a conta.



Chá branco, imagine-se só. Branco e earl gray, os meus favoritos. Assim falássemos de chá verde, preto, vermelho, mas não, branquinho, da cor da cal das paredes, aquela cor interessante, porém algo inerte, que, supostamente  não deveria adiantar nem atrasar. Está visto, no entanto, que nem efeito placebo tem a tal cor do chá. Quando toca a dormir, nada de chá; apenas infusões. Vá lá, pelo menos isso me safa. Não tenho de me privar, pelo menos não totalmente, da bebida que mais me agrada para poder dormir... era só o que mais faltava...

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