quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Não sei sobre o que é que hei-de escrever...


... por isso vou escrever sobre nada. Tenho vontade de escrever, mas como o stress do ano passado acabou com o último e enferujado parafuso que ainda me sobrava, e ando assim a modos que aparvalhada (eufemismo),  não consigo pensar em nada de interessante para escrever. E por interessante, considere-se algo que responda ao propósito deste blog: olhar para o mundo com olhos de rir e de ver tudo ao contrário. E que bom é isso, que bons são os tempos em que consigo fazê-lo, que bons eram os tempos em que eu o fazia com frequência. Tenho dificuldade em perceber por que motivo, à medida que uma pessoa cresce, vai perdendo a capacidade de olhar para as coisas viradas de pernas para o ar (algumas pessoas - as que não perdem, ou não lhe imprimem um tom irónico ou sarcástico, têm sorte). Bem, mas perguntas filosóficas não nos levarão a lado nenhum. Perguntas filosóficas nunca levaram ninguém a lado nenhum (até se diz que não é suposto chegar nunca) e não são, definitivamente, chamadas para um blog de trivialidades.

Não posso perder tempo: tenho de escrever sobre nada. Quando eu era miúda, e não tinha nada que fazer, normalmente sacava de uma folha de papel e começava a escrevinhar o que me viesse à cabeça. Ok, não foi apenas enquanto fui miúda, confesso, embora hoje o teor dos meus escritos seja consideravelmente diferente do que foi em tempos, continuo a sacar de folhas e a escrevinhar. Já fui mais indiscreta. Sim, porque aqui não poderia dizer que já fui menos discreta, porque a verdade é que nunca fui discreta com as minhas escrevinhações. Afinal, por que motivo haveria de o ser? O que é que as pessoas têm a ver com isso? Bem, mas começou a tornar-se uma coisa perigosa, porque há sempre um cromo que se debruça e comenta: "Tchéééé, tanta letra, sobre o que é que estás a escrever?" - há coisas que a minha pessoa jamais faria (mas perdoo-lhes a curiosidade, vá, afinal eu também ficaria curiosa para saber o que é que uma pessoa interessante como eu estaria a escrever). No entanto, e regressando ao meu eu passado (não o actual, o pretérito mesmo), apesar da minha imaginação galopante e transbordante, de criança ingénua e não conspurcada por este mundo triste e cheio de coisas feias, mesmo assim, havia momentos em que eu não sabia muito bem sobre o que é que havia de escrever. E escrevia assim: "Não sei sobre o que é que hei-de escrever". Não me apetecia escrever sobre nada, só me apetecia escrever, como hoje me acontece. Não sei se é mau sinal, mas muito bom cheira-me que não deve ser.

Bem, então deixa-me lá escrever sobre nada... muito haveria a dizer sobre o nada. Só que estão a começar a vir-me palavras como vácuo à cabeça, discussões filosóficas e científicas, pelo que estou a achar que escrever sobre nada é assunto que transcende este blog, que é de trivialidades. Fico-me por aqui, portanto.

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