Saí de casa. Fui a um armazém de roupa. Escondi-me atrás dos expositores de soutiãs, como costumo fazer (ok, nem sempre são de soutiãs, o que interessa é que escondam). Quando elas vêm de lá "boa tarde, posso ajudar?", até me dão calafrios. Irrita-me ter de estar sempre a dizer "não, obrigada, estamos só a ver", mas pronto, até aí é uma questão de educação, é normal, acho eu. O problema é quando se começam a meter na nossa vida... já é mau quando nos começam a mostrar a loja toda, sem a gente pedir. E depois são horas perdidas na porcaria do centro comercial. Enfim, tudo bem, vá. Mas o pior mesmo é quando se metem na nossa vida e se armam em espertas (coisa que pode perfeitamente acontecer com outras pessoas que nem nunca tenham sequer entrado numa loja).
Hoje aparece-me uma daquelas almas que despejam o estojo da maquiagem em cima sem qualquer parcimónia. Eu considero-me uma liberal; procuro sempre ver os aspectos positivos das coisas. Cresci nos anos 80, gosto de exageros. Está bem que era uma criança inconsciente, mas uma pessoa sempre apanha com os vapores das efervescências. Até achei interessante, portanto. Até a senhora ter aberto a boca e ter falado mal da minha roupa (nomeadamente dos meus soutiãs), falado mal do meu peito, falado mal da praia, falado mal das pessoas que vão para a praia... queixou-se de serem labregos (as) e andarem com geleiras e dizerem palavrões... pensei para mim que há coisas que conseguem ser de mais mau tom e mais falta de educação do que palavrões.
É sempre difícil nestes momentos uma pessoa segurar-se para não fazer e/ou dizer disparates.
É que depois a minha mente fustiga-me com pensamentos do tipo: "És ridícula, não tinhas nada que te rebaixar ao nível dessa gente", blá, blá, blá. Diz-me como é que eu quero continuar a meditar e a ascender espiritualmente, enfim, tornar-me uma pessoa melhor, a sequer sentir os nervos às pessoas que às vezes sinto. É que a uma altura destas do campeonato, francamente, menina, honestamente... já devias ter passado dessa fase...
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