sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Me, books and libraries


É uma combinação muito perigosa. Não propriamente libraries, mais book stores, porque as libraries têm certos limites que nas book stores é só a carteira que impõe... e no que respeita a livros, a minha é, certamente, excessivamente benevolente. 

Não sei que fenómeno é este que ocorre, que entro na loja a prometer-me a mim mesma não adquirir mais livro nenhum, mas com frequência quebro a promessa. São muitos os que li, na vida, mas certamente também são muitos os que tenho por ler, dependurados das prateleiras de estantes por norma de tamanho considerável. Chega de aumentar a fila; a verdade é que, no máximo, consigo ler um a cada 15 dias... mas tenho receio de constatar, se contar os que para ali tenho, o muito tempo de que necessitaria para os ler a todos. Houve tempos em que fiz uma média superior a um livro a cada 15 dias; houve tempos em que li 40 a 50 livros por ano. Dei uns quantos, outros pus para a troca e foram trocados, outros pus para troca e ainda ali estão, à espera que saia. Guardei apenas os que me ficaram no coração, mesmo, mesmo, mesmo. E, mesmo assim, embora muito me tenha custado, acabei a pôr para troca até alguns que me ficaram parcialmente no coração - grane feito para mim; quando cá entram é difícil saírem, mesmo que seja só parcialmente. É difícil esta decisão, muito difícil. Ás vezes, mesmo os que não me dizem já nada de especial, são difíceis de deixar ir... há sempre algo que se aprende, sempre algo que nos é acrescentado. Faço um esforço por me desprender deles, mas há alguns que não faço mesmo esforço nenhum e fico com eles para mim. 

O outro dia, estava eu à espera de um filme que só começava dali a uma quantidade razoável de minutos, a questionar-me como ocupar o tempo uma vez que nos centros comerciais não sou capaz de me concentrar o suficiente para ler e que já havia visto as lojas todas no dia anterior quando realizei essa mesma espera por esse mesmo filme - eu já explico - quando me lembrei de que, por mais vista que esteja uma livraria, para mim, nunca está verdadeiramente vista. Então, lá fomos. Há sempre algum livro no qual ainda não havia reparado; há sempre um livro que desperta o interesse e se pode aproveitar para ler um pedaço e formular ideias mais consistentes. Entretanto, espreitavam numa prateleira uns livrinhos cor de laranja do Hermann Hesse. Nunca os tinha visto por ali, peguei num, comecei a ler um pouco e eis que pensei algo que penso com alguma frequência quando leio livros: "Eu tenho de ler isto, portanto, eu tenho de ter este livro". Chamava-se "Viagem ao País da Manhã", e apesar do seu tamanho minúsculo ainda custou 8 euros. Achei um exagero, mas tudo bem. 

Mas, claro, depois pus-me a pensar; Hermann Hesse, clássicos, sites de trocas de livros - eis um sítio onde encontraria este livro facilmente. Aliás, supostamente, estes livros volta e meia encontram-se a preços muito acessíveis em feiras de livros e afins. Não, não me arrependi. Comecei a olhar para ele - o livro - e a achar que aquele título não me era estranho (fiquei tão entusiasmada com o conteúdo, que nem li o título - algo que me sucede com facilidade e frequência, nos mais diversos contextos). Lembrei-me então de um livro pequenino e fininho que costuma andar por cima das fileiras dos meus livros por ler (a maioria começados); com uma capa bem mais interessante que esta, por sinal... "Queres ver..."

Sou, de facto, uma pessoa coerente. Algumas horas depois lembrei-me de ter feito festa semelhante quando comprei o tal livro do título igual e capa parecida. Talvez as letras sejam um pouco mais pequenas e o livro mais fininho, mas não se me afiguram muitas mais diferenças. 

Ooohhh, que chatice! Agora lá tenho eu de ir trocar o dito livro por outro! Ohh, que chatice! Lá vou eu ter de adquirir mais um livro! Não é que me agrade mais adquiri-los do que lê-los; na verdade, adquirir coisas nunca me deixou particularmente confortável. Do que gosto é de acabar um livro e poder dirigir-me a uma estante gigante de livros por ler, abrir-lhe as portas e questionar-me: "Beeem... então deixa lá ver, qual é o que se segue..." - é profundamente estimulante. Fazer o mesmo numa loja, simplesmente não funciona, porque a estante já pressupõe uma pré-selecção dos livros; aqueles que ali estão, todos terão interesse para mim. É uma sensação transcendental: de plenitude e abundância. 

Gostava muito que este ano conseguisse ser disciplinada e ler muito. Nas férias, cerca de dois livros e meio - não está mal para um mês e meio de leitura, sendo o livro que ficou em meio, um livro de 400 páginas. Preciso ler muito urgentemente, está mesmo a fazer-me falta e a fazer-me bem ler. Quero criar o hábito e o vício. Faz-me muito bem, faz-me mesmo muita falta...


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