domingo, 25 de dezembro de 2011

Os aracnídeos, a minha avó e eu

 

Era uma vez um quarto que fora construído na garagem. Para eu meter os meus tarecos; as músicas, os livros, os trapos e por aí fora. Só para mim, isolado do resto da casa, propício a meditações e afins. Sucede que, uma outra vez, fui para longe de casa e o quarto da garagem ficou às moscas... e às aranhas. E se elas lá fizeram um bacanal. As aranhas. Que aquilo fica abaixo do nível do solo e as moscas gostam mais de voar para cima - têm a mania das grandezas. Algumas levaram ali verdadeiras vidas de rainhas, as aranhas. Algumas construíram verdadeiras mansões de teia de aranha. Psicologicamente é perturbador para mim ter de destruir tamanho património; mas é uma questão de limpeza. Nem é pelas teias, é pela bicharada morta que elas lá têm agarrada, pois então, ou não fosse esse o propósito de uma teia. Foi o que andei a fazer. No entanto, não bastasse a agonia acima mencionada, existe ainda um dito que me foi dado a conhecer pela minha querida avó, que diz que as teias de aranha trazem dinheiro, pelo que não se devem tirar. Até se podem matar as aranhas, não se podem é tirar as teias. E eu tenho dificuldade em compreender; com tamanho espólio, como é possível que eu não seja milionária, se o tal dito for mesmo verdade? Não se compreende. Por outro lado, se certa parte do dito funcionar, a mais malévola, devo sofrer algum desfalque nos próximos tempos, pois sempre tentei não matar as aranhas - que fazer, gosto dos bichos, acho-as simpáticas com aqueles olhos grandes - mas as teias foram-se, as aranhas e a minha avó que me desculpem.... e agora, será que o meu frágil orçamento aguenta as investidas da Troika mais as investidas da ausência das teias? Ou será que as teias funcionam apenas por reforço positivo; se ficarem, o dinheiro vem? Espero bem que assim seja, or else...

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